Armadilhas da Mente

Suponha que você está preso no trânsito, atrasado para um evento no trabalho. O dia está agitado e um projeto importante está em andamento. Você bate no volante, esbraveja e pensa: “Pronto, vou ser demitido”.

Parabéns, você pode ter acabado de cair em uma armadilha mental! Você assumiu uma catástrofe sem qualquer evidência concreta. São os seus pensamentos que lhe causam angústia, e não o trânsito.

Quanto estamos sob stress, ficamos expostos a uma avalanche de pensamentos negativos que distorcem a realidade. Temos a tendência de achar que os acontecimentos ao nosso redor são os responsáveis pelo que sentimos, quando na verdade é a nossa própria forma de pensar quem determina as nossas emoções.

O que são Armadilhas Mentais?

Armadilhas mentais são pensamentos irracionais que nos impedem de enxergar a verdade e causam erros de julgamento. Elas adulteram e exageram os fatos, tentando limitar a nossa capacidade de lidar com os desafios.

Identificando as Armadilhas Mentais

Os psicólogos Aaron Beck e David Burns identificaram algumas Armadilhas Mentais mais comuns. Ter consciência delas nos ajuda a escapar com mais facilidade se estivermos “presos” em algum momento.

1) Pensamento “Tudo ou nada”

“Eu posso ser uma boa mãe ou uma boa profissional”, ou “eu só posso ser feliz se for rico”.

Aqui, a vida é categorizada em extremos, como “preto e branco”, impedindo de enxergar os muitos tons de cinza que normalmente existem.

Dica: Fique atento às expressões “sempre”, “tudo”, “todo mundo”, “isto ou aquilo”, “ninguém”, “nunca” ou “nada”. Elas podem ser um indício de que você caiu no pensamento “Tudo ou nada”.

2) Leitura da mente

“Ela não retornou a minha ligação. Claro, eu causei uma má impressão”.

Ficamos convencidos do que os outros estão pensando ou sentindo. Ligamos os pontos de uma situação baseados em nossas crenças, e não nos fatos. Ou seja, assumimos automaticamente os pensamentos como verdadeiros, ao invés de questiona-los ou conferi-los.

Dica: Lembre-se de que as premissas nas quais estamos pensando não necessariamente verdadeiras. Precisamos checar os fatos antes de fazer conclusões para nos poupar de preocupações e stress desnecessários.

3) Previsão de catástrofe

“Vou me dar muito mal naquela apresentação”.

A previsão de pior resultado possível não tem fundamento algum. Existe a tendência de prever que as coisas vão acabar mal ainda que os fatos digam o contrário.

Diga: Quando percebemos que estamos nos preocupando com algo que ainda não aconteceu, podemos analisar a previsão negativa em questão. Então, nos perguntamos: “Onde estão as evidências para esta conclusão?”.

4) “Deveria” ter feito algo

“Eu deveria ter ido àquela festa no fim de semana”.

Palavras como “deveria”, “tinha que”, “devo” ou “tenho que” podem fazer com que nos sintamos escravos das nossas emoções.

Dica: Podemos verificar se existe algum conflito no nosso diálogo interno. Substituir palavras opressivas por construtivas pode nos empoderar.

5) Super generalização

“Eu sou um derrotado mesmo, estraguei tudo naquela venda”.

Você faz uma conclusão completa sobre as suas capacidades pessoais com base em um evento negativo. Acredita-se que, se é verdade em uma situação, então será verdade em todas as outras também.

Dica: Quando você se pega enxergando uma situação negativa como “padrão” para todas as outras, procure as provas disso. Normalmente você não deve encontrar evidências para este exagero.

6) Filtrando e descontando os pontos positivos

“Ganhei o prêmio de profissional do ano, mas foi por acaso”.

Você minimiza suas conquistas ou pontos positivos e continua focando nos negativos. Esta armadilha cria uma perspectiva de falta de esperança.

Dica: Geralmente há um “porém” nesta armadilha que pode te ajudar a se recuperar quando você achar que os pontos positivos não contam. Dê aos pensamentos positivos o mesmo peso que os negativos.

7) Amplicação ou minimização

“Se eu não conseguir esta promoção, a minha carreira vai para o fundo do poço”.

Você despreza os aspectos negativos de uma situação estressante enquanto reduz a sua habilidade de supera-la.

Dica: Perceba quando você tem uma posição extrema sobre uma situação estressante e a coloque em uma perspectiva correta.

8) Culpa

“Foi minha culpa que o carro quebrou. Eu deveria ter levado ele para a oficina”.

Você se responsabiliza excessivamente e se culpa por condições além do seu controle. Ou você culpa outras pessoas, supervalorizando as suas responsabilidades: “Eu aceitei o seu conselho e ela terminou comigo. Foi tudo culpa sua.”

Dica:  Pergunte a si mesmo se você está culpando outras pessoas pelas suas ações. Pense no quanto você é realmente responsável por esta situação. Assuma a responsabilidade da sua parte, mas evite se tornar excessivamente responsável por situações que estão fora do seu controle.

9) Raciocínio Emocional

“Eu sinto que não há mais esperança para o meu casamento, então devo terminar”.

Você julga pessoas e situações de acordo com o que sente. E como você se sente se torna uma verdade para você, mesmo que as evidências digam o contrário.

Dica: Primeiro, conheça os seus sentimentos e então separe-os dos fatos para determinar se a sua conclusão é verdadeira. “Sim, estou sentindo desesperança sobre o meu casamento, mas isso não significa que ele realmente não tem esperança. Existem coisas que podemos fazer para melhora-lo”.

10) Rotular

“Eu estraguei tudo com o meu chefe. Eu sou tão idiota”!

Ao invés de dizer a si mesmo que você COMETEU um erro, você se diz que É o erro. Você coloca um rótulo negativo em pessoas ou situações por causa de um incidente isolado ao invés de ter um olhar abrangente. “Não gostei daquele filme; aquele cinema é horrível; nunca mais volto lá.”

Dica: Tenha um olhar mais abrangente. “Aquele filme foi ruim, mas o cinema também exibe bons.”

Fonte: Psychologytoday.com e PositivePsychology.com.